Steve Jobs em Stanford: Amor e Perda

ImageEm Stanford, durante seu discurso, Steve Jobs nos conta também a história de sua demissão da Apple, quando tinha 30 anos. A empresa lançara alguns de seus melhores produtos naquele período, o crescimento continuava em ritmo avassalador. A contratação de um novo executivo para dividir as funções administrativas ao lado de Jobs demonstrava a preocupação em definitivamente tornar a Apple uma das maiores empresas de todos os tempos. Essa era a crença e a confiança de todos. Esse era o objetivo de seu principal mentor, totalmente envolvido com o que estava ocorrendo.

Passados alguns meses da entrada deste novo executivo, a diretoria se reuniu e decidiu que a permanência de Jobs na Apple já não era necessária. O visionário criador da empresa tornara-se um fardo, uma dificuldade e, como entrave ao desenvolvimento dos negócios da companhia, veio a demissão.
Ser demitido da empresa que você mesmo criou? Como é isso, perguntou-se durante algum tempo o atônito executivo. Milionário, Jobs não precisava se preocupar com dinheiro, pois continuava a ter rendimentos auferidos a partir de sua participação acionária na Apple. Mas o “chão” a sua frente parecera ruir. Os projetos pelos quais lutara com paixão nos últimos dez anos foram tirados de suas mãos. Durante alguns meses ficou sem saber ao certo o que deveria fazer…
Foi então que percebeu que amava o que fazia… E era isso que o incomodava, ou seja, saber que não estava produzindo, realizando, concretizando seus sonhos!

Queria e podia fazer muito mais. Resolveu então criar novas companhias. Surgiram a NeXT e a Pixar. A primeira viria a ser comprada, ironicamente, pela própria Apple, em 1995. Foi, literalmente, “a salvação da lavoura” para um gigante em queda. Desde a saída de Jobs, na virada de década, nenhum dos projetos da Apple decolara. Sua falta, e de seu carisma, vigor e entusiasmo, além da evidente criatividade, fizeram com que naquele período de 5 anos, os lucros caíssem e os balancetes começassem a ficar negativos. A compra da NeXT foi uma forma de revigorar os projetos, trazendo novas ideias e Jobs de volta.

A Pixar, por sua vez, custou durante os primeiros anos de trabalho, muito dinheiro para Jobs. Consumia valores cada vez mais altos e não trazia lucros. Mas o lançamento de Toy Story permitiu que tudo o que havia sido despendido fosse recuperado e lançou uma das maiores e mais lucrativas empresas do segmento.
O que permitiu a Jobs recuperar-se da grande perda que sofrera foi a constatação do amor que sentia pela área e trabalhos nos quais resolvera militar. Em seu discurso em Stanford ele ressalta isso e diz que se não fazemos o que gostamos estamos nos sacrificando, limitando nossas existências, vivendo de forma infeliz. Despendemos muito tempo de nossas vidas no trabalho – calcula-se que entre o trabalho produtivo, deslocamentos, horas extras e outras ações direta ou indiretamente ligadas aos serviços prestados, são gastos, em média 10 horas diárias – para fazer algo que não nos agrada…
É como um casamento infeliz. Você sofre e a outra pessoa também. A empresa perde e igualmente o trabalhador que está ali sem se sentir feliz, satisfeito, realizado…
Leia também os textos:
CONECTANDO OS PONTOS, a primeira parte das lições de Steve Jobs em seu discurso em Stanford.
STEVE JOBS: A BIOGRAFIA, resenha da biografia de Jobs escrita por Walter Isaacson.

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