Desafiando a Lei da Gravidade

“Something has changed within me            [Alguma coisa mudou em mim]
Something is not the same                         [As coisas já não são as mesmas]
I’m through with playing by the rules          [Chega para mim jogar de acordo com as regras]
Of someone else’s game                            [do jogo de outras pessoas]
Too late for second-guessing                     [tarde demais para novos questionamentos]
Too late to go back to sleep                       [tarde demais para encostar a cabeça e dormir/se acomodar]
It’s time to trust my instincts                       [É hora de acreditar nos meus instintos]
Close my eyes and leap                             [Fechar meus olhos e mergulhar]

It’s time to try                                              [É hora de tentar]
Defying gravity                                            [Desafiar a gravidade]
I think I’ll try                                                 [Eu acho que vou tentar]
Defying gravity                                            [Desafiar a gravidade]”

(Defying Gravity, letra e música de S. Schwartz, interpretada no seriado Glee)

Na vida há momentos em que é preciso desafiar a lei da gravidade, virar a mesa, jogar o próprio jogo, encarar a vida e fazer dela o que de fato desejamos.

O que você quer? Sua vida é aquela que você sonhou? Está feliz com o que conquistou? O lugar que ocupa no mundo é aquele que sempre quis?

Caso a resposta seja afirmativa, parabéns! Você chegou lá e faz parte de um reduzido grupo de pessoas que realiza seus sonhos diariamente, transformando-os em realidade.

Caso contrário, bem-vindo a um grupo amplo de seres humanos que ou abandonam seus sonhos e se submete ao que a vida lhes reservou ou então resolve correr atrás e fazer com que, em algum momento de suas vidas, as coisas passem a fazer mais sentido.

E qual é o seu sonho afinal? Ter uma linda família? Trabalhar naquilo que gosta? Ser recompensado justamente por seus esforços e realizações? Subir até o alto do Himalaia? Cruzar o Canal da Mancha a nado? Encontrar uma receita infalível de torta de banana? Compor uma música belíssima que seja cantada por milhões de pessoas? Ajudar os necessitados?

O que é? Você ainda tem isso em sua mente e em seu coração?

E porque não busca realizar isso? O que fez com que isso ficasse para trás e, com seus sonhos, sua alma, sua alegria, suas realizações?

É a dura realidade, podem dizer alguns. Contas a pagar, mercado de trabalho concorrido, a hipoteca da casa, as mensalidades da faculdade, o tratamento médico…

Sonhos não pagam contas, dizem tantos. É fato, sabemos disso, mas quanto destas contas realmente precisamos ter? Do que podemos abrir mão para termos o que de fato nos fará felizes?

Conta-se a história de um mestre budista que vivia de forma simples, tendo apenas alguns objetos de uso pessoal e poucas roupas em seu armário, alimentando-se de modo frugal, meditando todos os dias, passando boa parte de seu dia a dialogar e ensinar os mais jovens ou a ajudar os necessitados.

Certo dia um de seus jovens alunos ficou sabendo que a família do mestre era muito rica e que ele era o único herdeiro. Encaminhou-se então ao seu professor e lhe perguntou como vivia daquele modo, tão despojado e imaterial tendo a possibilidade de ter tudo o que o dinheiro de sua família poderia lhe oferecer. Muito curioso ainda lhe questionou quanto à o que faria quando herdasse todos os bens que seus pais possuíam.

O monge então respirou fundo, deu uma mordida na maçã que estava na mesa a sua frente, tomou um gole de água. Tudo dentro de um ritmo tranquilo, pausadamente. Levantou-se da mesa, estendeu as mãos para o aluno, a pedir-lhe um cumprimento. Sentindo o frio que vinha das janelas abertas do mosteiro, protegeu ombros e braços com seu agasalho.

Depois de tudo isso, olhou para o aluno e então lhe disse:

“Escuta o canto dos pássaros, sente a brisa a trazer o aroma das árvores da região, respira fundo o ar puro destas montanhas, alimenta o seu corpo com os frutos que a natureza oferece e abraça o seu próximo. O que mais há para se querer neste mundo?”

O pupilo então insistiu: “Com sua fortuna seria possível ajudar mais gente, ensinar quantidade maior de alunos.”

Ao que o mestre respondeu: “as boas colheitas ocorrem quando o plantador trata as sementes, o solo e a natureza com carinho e respeito, não se importando se serão 10 ou 1000 os sacos colhidos ao final”.

“Mas e sua herança, o que será dela quando seus pais não estiverem mais vivos?” – perguntou o jovem.

“A maior herança é aquela que fazemos gerar mais vida, mais paixão, mais bondade. Tenha certeza que tudo irá reverter em favor de mais escolas, trabalho, alimento e agasalho para quem necessita. Este é meu desejo e também o de meus pais.” – arrematou o mestre.

Todo o dinheiro do mundo foi trocado por um desafio aberto a lei da gravidade. O monge realizou seu sonho. E você, está pronto para voar no espaço, sem medo, para tornar vivo o seu ser?

Por João Luís de Almeida Machado

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