Google 15 anos: Motivos para comemorar?

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O Google completou 15 anos na última sexta-feira, dia 27 de setembro de 2013. Motivos para comemorar não faltam. Passados apenas 15 anos e 3 dias de seu lançamento na web o mais popular serviço de internet do mundo chegou ao 2º lugar no ranking das marcas mais conhecidas do planeta, superando a centenária Coca-Cola e ficando atrás apenas da Apple. Este ranking, por sinal, é um termômetro perfeito dos tempos atuais pois além das duas gigantes da tecnologia já mencionadas outras 3 empresas deste segmento estão entre as 10 marcas mais conhecidas do mundo (Microsoft, Dell e Intel).

Pense então como era a vida a 15 anos atrás, no aparentemente longínquo ano de 1998, quando a internet comercial tinha cerca de 3 anos de existência, não era utilizada de forma massiva como hoje em dia e buscadores como o Yahoo e o Alta Vista eram os mais populares serviços existentes no segmento onde o Google hoje reina soberano.

A criação de algoritmos que permitem ao usuário localizar de forma mais pontual o que deseja, vindo a informação de qualquer canto do planeta, em poucos segundos é o que o Google ofereceu. Seus processos e organização superaram os concorrentes e estabeleceram novos padrões, copiados a partir de então por muitos outros serviços sem que nenhum deles obtivesse o mesmo êxito e reconhecimento. Tudo isso sem custo algum para o consumidor final destas informações. Notável e extraordinário todos há de convir.

Será mesmo que não há preço cobrado pelo Google? Quanto custam suas informações pessoais? Elas estão a venda?

O Google tem, assim como várias outras empresas e serviços oferecidos pela internet, não apenas os dados que você forneceu para nelas se cadastrar, mas também todos os caminhos percorridos por você quando acessa sites no universo virtual. O que isso significa? Além de estar sendo rastreado, o que na prática estabelece a perda da privacidade do indivíduo, num mundo onde cada vez menos damos passos sem que alguém ou alguma corporação saiba onde estamos, significa também que o Google e todas estas empresas que atuam na web querem entender o jeito como você pensa, como age, as escolhas que faz, o que quer comprar, que cursos está fazendo ou gostaria de fazer, quais filmes interessam a você, que músicas deseja baixar em seu smartphone ou tablet…

As informações individuais, por sua vez, ajudam a compor bases de dados, chamadas mais recentemente de Big Data, que permitem compreender o movimento das massas, dos grupos sociais, prevendo ações ou mesmo estimulando comportamentos. O que se pretende é fazer com que você compre, consuma, aja e reaja dentro de comportamentos esperados e padrões sociais estabelecidos. Há algum crime nesta prática? Não, em absoluto, principalmente porque as pessoas clicam botões aprovando o acesso e uso de suas informações ao se depararem com todas as cláusulas a elas impostas quando começam a usar o Google e outras ferramentas. Na maior parte das vezes sem ler o que estão assinando…

É uma troca justa? Depende do ponto de vista. Abrir mão da privacidade para ter acesso a dados e informações a qualquer momento, num serviço que funciona de modo exemplar, sem interrupções, 24 horas por dia, 365 dias por ano, melhorado com novas funcionalidades e gadgets a todo momento não parece ser para a maioria das pessoas um mal negócio. Será mesmo?

Vivemos a Era da Informação, o acesso aos dados é essencial para o individuo, porém é ainda mais importante para as corporações em sua luta pela sobrevivência num mundo globalizado onde o neoliberalismo torna a competição extremamente feroz. O Google, ao completar 15 anos e se mostrar cada vez mais onipotente dá mostras de que seus serviços são cada vez mais valiosos como fonte de informação que alimenta e subsidia os cidadãos e também as empresas, governos e outras instituições que estão de olho em você…

A propósito, quem está de olho em você? Quantas vezes você aparece no Google? Já percebeu também que o Google passou a nos fazer buscar espaço nesta imensidão virtual, a nos promover em busca de um lugar no sol digital? De algum modo parecemos e precisamos deste palco virtual para que possamos ser alguém, existir de fato, estarmos presentes no mundo… Será mesmo?

Quando penso em como vivíamos há 15 anos atrás, antes da avalanche do Google e de todos os serviços e redes sociais existentes não olho para o passado com nostalgia, sentindo saudades, apenas constatando o quanto o mundo mudou e a respeito do que tínhamos e do que temos no presente. Reflito sobre se estamos melhores hoje ou se a tecnologia de alguma forma compôs um universo no qual o cotidiano ficou diferente, ganhando em brilho, cores, velocidade e dados e perdendo em outras esferas, como o contato com o outro, com a natureza, as trocas pelo diálogo direto, as leituras de mundo sem as lentes e telas dos computadores…

O Google mudou nossas vidas. Não por conta do próprio Google, mas das opções que estamos fazendo e que incluem a ferramenta de buscas criada e desenvolvida por Sergey Brin e Larry Page. Se o mundo que temos hoje é este e nele o Google desempenha papel tão marcante e decisivo é porque atribuímos a ele tanto valor que esta e outras ferramentas passaram a não apenas compor o cenário, mas definir como vivemos neste cenário, dando mostras de que o enredo é nosso até certo ponto… E esta questão certamente não passa apenas por uma pesquisa no Google, mas por reflexões profundas a serem feitas por cada um de nós e pela sociedade como um todo…

Há motivos para comemorar? Brin e Page certamente contabilizam bilhões de motivos para celebrar os 15 anos do Google e quanto a nós, meros mortais usuários?

Por João Luís de Almeida Machado

One thought on “Google 15 anos: Motivos para comemorar?

  1. João, essa reflexão é importante no uso de qualquer tecnologia. Eu utilizo intensamente os serviços do Google, desde que ele foi criado. Porém, nunca deixei de ter em mente que o serviço não é gratuito. Como educadores e como pais, temos a responsabilidade de chamar a atenção dos nosso alunos e nosso filhos quanto ao preço pago por todos nós pelo uso destes serviços.

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